domingo, 4 de janeiro de 2009

Dizem por aí


Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhuma das partes esperasse absolutamente nada uma da outra...
Mas infelizmente, insistirá em esperar alguma coisa - acredite, isso é comprovadamente verdade! Até eu acabo esperando alguma coisa de alguém!
A verdade é que creio, aprendi nos últimos meses, que é muito melhor correr o risco de se machucar e ter ótimas lembranças do vivido, do que ficar se perguntando depois como seria caso tivesse se envolvido por completo.
Infelizmente nós (a gente, as pessoas) temos (tem, têm) emoções. Até eu tenho emoções, embora algumas pessoas teimem e insistam em dizer que não.
As pessoas falam coisas, e por trás do que falam, há o que sentem; por trás do que sentem há o que são e nem sempre mostram. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e, sobretudo, como eu dizia no início, emoções. Mas já não sou capaz de me calar; talvez você dirá então o que espera e eu também – sejam lá essas coisas que esperamos boas ou ruins, ou até mesmo, se não esperarmos nada - porque ando descontrolada e um pouco mais dramática, pois meu silêncio já não é uma omissão, mas sim uma mentira.

E todos sabem que eu estou no meu limite.!

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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Pra começar assim


Deus,
caso eu possa pedir uma coisa só, livra-me primeiro dessa vontade de falar de mim. Depois, faça-me mais pedra, mais ponta, mais sal. Arranque de mim esse medo, me livre da ternura vazia, espanta a leveza de mim. Ou então, transforma minha solidão em pano e me envolva, me cubra: faça do meu medo, uma pele. E, se eu merecer, me dê amor. Mostre-me um silêncio mais fundo; me ensine outra alegria, uma que não seja tão parecida com a dor. Eu queria também amar coisas mais fáceis, se for da minha sina e do meu merecimento. Queria menos livros e mais janelas. Roupas com menos pano, um corpo com menos receio de ser só corpo: um corpo mais físico, entende? Queria também sentir um amor mais justo, um de querer menos, de aceitar mais. Ampare-me também quando eu tiver medo de ser rasa; me conforte quando eu for bruta e sem jeito. Afaste-me de tanta perplexidade, faça-me simples, faça-me terra. Ah, faça de mim também um lugar bom para o choro, dando-me uma linha mais firme, um bordado mais limpo. E, se ainda puder, coloque mais do mundo em mim, tire um pouco do prazer da solidão e do amor pela estranheza. Por fim, eu peço uma vida mais limpa, mais centrada em si mesma, sem tanto medo do que não existe, sem tanta paixão pelo ar.

Amém.